Diário de Ivanete Landim: "To be a Teacher or not to be a teacher"


A Professora Ivanete Landim nos escreveu desejando boa sorte neste inicio de ano letivo a todos os professores da rede estadual e municipal de ensino de Nova Campina. Acompanhem o que ela escreveu:


"TO BE A TEACHER OR NOT TO BE A TEACHER"

Sei que as aulas estão começando e sempre aumentam nossas expectativas em relação ao que vamos encontrar. Estou aqui torcendo para que tudo dê certo para todos os profissionais da educação de Nova Campina.
Bem, a semana passada tivemos a oportunidade de conhecer a professora do ano dos Estados Unidos, Michelle Shearer. Ela é professora de Química em Iowa. O que mais me chamou a atenção foi o fato de Michele conseguir envolver seus alunos em uma matéria que, a princípio, os alunos têm bastante dificuldade. Ensino e Aprendizagem e o Poder do Fator Humano foi o tema de sua palestra.
“Coletivamente, nós ensinamos nossos alunos para que eles tenham o pensamento crítico, que sejam criativos na resolução de problemas, utilizando a colaboração, a comunicação, a independência, a auto-direção, adaptabilidade e resiliência, habilidades da mente humana que capacitam nossos alunos para a vida”, explica Michele. Essa “química” entre Michele e os alunos, com certeza, fez com que ela se tornasse essa profissional reconhecida. Perguntei a ela qual foi à reação dos seus alunos quando souberam que ela foi escolhida, depois de um processo criterioso, uma vez que, nossa profissão quase sempre faz parte da uma última escolha por parte de nossos estudantes. Ela disse que precisamos inspirar nossos alunos. Não há engenheiro, médico, arquiteto ou mesmo professor, sem passar pelas mãos do próprio professor. Inspirar alunos a ser professor, difícil missão, e aí pensei no nosso país, quando tudo passa pela questão da valorização em todos os sentidos. Em Nova York, por exemplo, a cada sete anos trabalhado, o profissional da educação, tem direito a um ano de descanso, para viajar, estudar, ou fazer o que quiser. Por quê? Janice Hutchison, nossa notável professora, explica que o profissional da educação tem que tomar de 3.000 a 5.000 decisões por dia! E o que ela chama de “Mental Rehearsal” (Ensaio Mental). Preparação de aula, planejamento, horário, avaliação. A cada dia um professor realiza aproximadamente 1.000 interações. E o que fazer então? Habilidade profissional, as bases das decisões: intuição, experiência, e teoria científica. Profissional competente é aquele que tem conhecimento do conteúdo, habilidade de planejar (dia/semana/bimestre), conhecimento e uso de materiais adequados, incluindo aí o uso da tecnologia, habilidade em administrar a sala de aula e deliberar informações (elementos essenciais), conhecimento dos aspectos cognitivos e critérios de avaliação.
É possível? De posse desses conhecimentos fui pela primeira vez à escola onde vou fazer estágio. Streetsboro High School. Pensem em uma escola com tudo que vocês possam imaginar. Vou começar pelo básico: biblioteca, salas de informática, quadra de esporte, refeitório. Isso cabia na minha imaginação. Agora o sonho: emissora de TV, central de jornalismo, emissora de rádio, enfermaria, psicólogo, sala para atender os portadores de NE, marcenaria, laboratórios de química, armários para todos os alunos, disponibilidade de computadores, “smartboards”, acessibilidade para portadores de necessidades especiais (ônibus adaptados, escadas com elevadores e profissionais para atendê-los), salas de arte, história, geografia, biologia e o melhor de tudo, alunos educados e comprometidos com o estudo! Realidade. Confesso que sai de lá um pouco frustrada porque nós professores temos aquilo que chamamos de idealismo, e logo pensei em nossos alunos.
Os alunos aqui têm os mesmos sonhos e aspirações que qualquer outro jovem aí no Brasil, a diferença e que eles têm a estrutura que merecem e os nossos têm
o sonho que lhes cabe e a nossa dura missão de constantemente motivá-los para que sejam bem sucedidos. Por isso e que sou Professora com P maiúsculo e não desisto! Sou idealista e quero também o melhor para os nossos jovens. Ah, eles não tem nutricionista! Ponto pra nós.
Ok, como dizem os americanos, hoje 01/02, quando começam as aulas aí no Brasil, estou novamente em Streetsboro High School compartilhando um pouco do nosso Brasil e da nossa escola, recebendo aplausos e assistindo os alunos estudarem Beowulf, George Orwell, Hawthorne, Chaucer, Kate Chopin… e uma sala de inglês com computadores, data show, livros, posters, microondas, geladeira, telephone e muito Shakespeare. Maria Judd, my “host teacher” é excelente. Na biblioteca não há absolutamente nada sobre nossa literatura e hoje os alunos estiveram lá para escolher livros de autores estrangeiros.
Maria me pediu uma lista de alguns escritores para que ela possa comprar e seus estudantes terem, também, acesso a nossa literatura. Maravilha. Vamos trabalhar um poema de Carlos Drummond de Andrade em inglês “In the Middle of the Road” (“No meio do Caminho”). Na próxima quinta vamos atrás das pedras… Conseguem imaginar minha idéia? Estou aprendendo muito e ensinando também, modéstia a parte! Mas deu saudade. Boa sorte a todos!

                                                                      Michele Shearer



                               






                                                                     Maria  Judd



                                                                
                                                       Livro de Janice Hutchison