INTERNATIONAL LEADERS IN EDUCATION PROGRAM (ILEP) 2012 –
ENCERRAMENTO DO PROGRAMA
BACK TO BRAZIL, BACK TO
MYSELF!
Voltando ao Brasil,
lentamente, após cinco meses de muitas aventuras
nos Estados Unidos da América. Recebo um “Bem vindo à realidade!“ . Como se eu não soubesse. Eu seria ingênua se chegasse aqui alheia a tudo,
embora a carga de experiência proporcionada por um programa como esse, ILEP (International
Leaders In Education Program), de fato, tenha me causado um certo estranhamento
ao voltar. Eu ainda não dou conta de tanta informação. Mas eu tive o grande prazer de dividir vários
momentos especiais com os meus amigos e com minha família. Alguém me disse, assim que cheguei à America, ENJOY IT! APROVEITE! Ah, eu fui obediente e
segui o conselho. Àqueles que pensam fui
apenas fazer uma viagem turística, dedico os meus quinze certificados que comprovam
que o desafio não foi brincadeira. Agora
a experiência transformou-se em patrimônio, pois esse reconhecimento
internacional vale muito, principalmente em um país, como o Brasil, que pouco valoriza seus profissionais da
educação. Tudo o que eu sempre comentei
em sala de aula sobre a América estava ali
diante dos meus olhos. Ohio, Nova York, Washington, Canadá. Sem falar da música, da dança, do esporte, da cultura e do famoso fast food. Em cinco meses
sentimos na pele o que é ser um cidadão norte-americano, sem ser. Tínhamos uma rotina. Pegar ônibus para
ir à universidade, enfrentar o frio, dar
conta das tarefas (os famosos assignments), fazer
compras, lidar com dinheiro, com os amigos, com a língua, com a tecnologia, assistir
a filmes, ao Oscar, ao Super Bowl, comer muito hamburguer e tomar muita coca-cola.
Ufa! E aí a gente vai acostumando. E quando vai acostumando é hora de voltar. E
a cabeça não processa isso direito. Para
quem está de fora, tudo parece muito simples, mas não é. É como se uma viagem
aos EUA te desse o passaporte para
sobreviver em qualquer país, menos no nosso. Esse era o sentimento geral de
todos nós, professores internacionais. O país é referência no que diz respeito
à modernidade, que muitos países insistem em copiar, inclusive o nosso. Estilo
de vida, cultura. tecnologia. E para nós,
brasileiros, a identificação é na hora. Não tive nenhum problema de adaptação,
o que foi uma grande vantagem, diferentemente de alguns colegas. Sonhamos estar
no mesmo patamar dos americanos. Por mais que se negue, o que vi, em termos de
educação, por exemplo, me deixou atônita. O país oferece de tudo, recursos mil e não desperdiça.
Tem objetivos definidos para o acesso ao ensino superior que, comprovadamente,
é um dos melhores do mundo. Sociedade
organizada com tudo muito prático, comida típica, de outros países, claro,
emprestada, sem a menor cerimônia. Quem
liga? É para manter a tradição e os
costumes. Não é uma monarquia, mas Elvis Presley, o rei do rock, ainda reina absoluto. Expressam orgulho o
tempo inteiro. É comum ver a bandeira americana em vários lugares, apesar da
crise, que nem passou perto. Pelo menos em Ohio, não vi reflexos da crise ou
melhor, não sentimos a crise. O programa não nos deu essa chance, estávamos
sempre muito ocupados. Mas vi reflexos desse momento na América, na capital
Washington. Nunca imaginei que pudesse me deparar com moradores de rua, camelôs
e sem-tetos acampados em praças num protesto super discreto, morno.
Bem, deixando de lado essas observações vamos as nossas últimas aventuras nas terras do Tio Sam. O MÓDULO!
Oh my Gosh!!
Nas últimas semanas fomos pegos de surpresa ao trabalhar arduamente em um módulo
para apresentação em Washington D.C. Digo surpresa porque o trabalho em grupo
foi um grande desafio. Não imaginávamos
que poderia ser tão complicado. Não o trabalho em si, mas a dificuldade em
reunir diferentes ideias para chegar a
um consenso, uma vez que, vínhamos de realidades completamente diferentes. Todos
os grupos passaram pelo mesmo problema e
o meu não foi diferente. Escolhemos o tema Comunicação no Século 21. Trabalhei
com Abha Vishwakarma da India e Sharin Raj da Malásia. Nosso propósito era falar sobre a comunicação no universo escolar entre pais,
administradores, professores e alunos e propor alternativas para que essa
comunicação proporcione uma aprendizagem efetiva. Tínhamos prazo e aí o uso da
tecnologia se fez imperativo. Um fervor, todos auxiliando um ao outro e em uma semana em que estávamos finalizando nossos
cursos na universidade com trabalhos, avaliações, apresentações e compromissos
mil. Mas deu tudo certo. Saímos de Ohio em direção à capital americana. Na quarta-feira (16/05), eu e minhas companheiras realizamos nossa última
tarefa. E, como sempre, tudo cronometrado, estilo americano. Trinta minutos
para a apresentação e mais trinta para as perguntas. Done!! Missão cumprida. Eu
me senti realizada. Às vezes duvidamos tanto da nossa capacidade, e aí quando os
desafios estão ali, e você não vê alternativas, surpreendemos a nós mesmos. A
sensação do dever cumprido não tem preço. Cumprimos o protocolo, inclusive o almoço
com a representante da embaixada brasileira Maricy Schmitz. Livres, lá fomos nós
explorar novamente Washington DC. Últimas compras, últimas fotos e depois a
dolorida despedida. Foi difícil. Não estávamos completamente felizes. Um misto
de expectativas em relação à volta ao nosso país e o fato de deixar nossos
amigos. Nem a festa que a equipe do IREX
preparou agradou muito. Particularmente, o mais difícil para mim, foi dizer goodbye a minha grande companheira de
Brasília, Alessandra Inácio. Achos que
fomos as únicas que levamos a sério que não tínhamos que levar tudo muito a sério e aproveitar a América com
muito bom humor. Éramos, também, as únicas a falar português no grupo e essa
aproximação, de certa forma, amenizou a saudade de casa. Um capítulo à parte. E também o ótimo contato com os nossos amigos ILEPERs, em especial Mustapha do
Marrocos, Rudrendra da India, Yacine e Rougui do Senegal e Agneter do Quênia,
com quem mais tínhamos afinidades. À
equipe da Dra. Linda Robertson, Mary Tipton, Rose Onders e Ebed Sulbaran, só agradecimentos.
E o apoio de nossas friends Brigite,
Ajisa, Sonia e Andrea. O programa International
Leaders in Education Program não acabou. A responsabildade agora é maior. Já
tenho planos que vão me garantir a parceria
com Kent State University. Dra. Linda me disse, quando nos despedíamos: Don’t stay away from Kent, please. You can go back. Who knows! Nao ficar longe de Kent, jamais. Fiquei feliz. Não é um goodbye
definitivo. Agora estou compartilhando essa experiência com os alunos e focando
bem sobre a educação americana. Sentiram
a diferença, como esperado, mas senti a motivação da parte deles em melhorar
nossas aulas. Isso é bom e me inspira.
Antes de deixar Ohio, fomos a Niagara Falls. Espetáculo divino. Depois,
eventos para nossa certificação e o encerramento com uma belíssima e divertida festa havaiana. E o meu último
contato com minha host teacher Maria
Judd de Streetsboro High School a quem também agradeço e muito. Deixamos Kent rumo
à capital. Uma hora de voo e lá estávamos para cumprir nosso último compromisso.
Despedidas e mais despedidas, aquele grupo de professores, de diversos lugares do
mundo, cada um dizendo adeus como pode entre lágrimas e promessas de jamais
perder contato. Tinha que dizer adeus a minha
amiga Alessandra. Mesmo cansadas, e sem jamais perder “o salto”, fomos
atrás de um restaurante chique em Washington, fomos jantar. No cardápio, hamburguer,
com tudo que tinha direito e muita coca-cola, of course! Não podia ser diferente.
Pensamos, em um bom português MISSÃO CUMPRIDA, AMIGA! E
em um inglês aperfeiçoado WELL DONE, MY
FRIEND! E no coração, a certeza de que valeu muito a pena!
Muita gente me pergunta sobre o que mais me
chamou atenção ou o que mais gostei na América. Talvez aquele cenário típico de
cartão postal que a neve nos proporcionava. Belissímo! Eu aguardava com
ansiedade o momento de ir lá fora e experimentar essa sensação maravilhosa,
indescrítivel. E aí o momento de celebrar a primavera. Tudo muda, fica muito
lindo, colorido, flores tão belas que
parecem artificiais de tão bem cuidadas.
Registro que vai ficar para sempre na minha memória.
Bom, encerro esse diário agradecendo meus
amigos Heber Rodrigues, Juliano Camargo e Robson Praxedes sem os quais não
teria tido a grande chance de tornar pública minha experiência nos Estados
Unidos. Desde o momento que anunciei que teria a possibilidade de ir aos EUA,
esses amigos acreditaram até o fim. Agora, quem sabe, é transformar tudo isso em livro, minha
próxima missão. Conto com vocês, guys. THANK YOU SO
MUCH!!!
No Satterfield Hall, em Kent State, onde eu frequentava um dos
cursos, uma frase sempre me chamava atenção e me enchia de orgulho: “The limits
of my language mean the limits of my
world” . A língua inglesa é, com
certeza, a língua que nos permite conhecer mundos diferentes. É a língua que
une, aproxima, faz enxergar que, embora
haja culturas diversas, é possível ser
humano e vencer barreiras. Naquele universo de diferentes idiomas, trajes típicos,
religiões, hábitos e valores, uma verdadeira Babel, a língua inglesa impera e cumpre
seu papel radiante. Sem limites. É a
estrela principal. Emociona. E vai ser assim sempre, siempre, الأبد, 永遠, forever
and ever! Alguém duvida?
Ivanete
Landim