"Acabaram as apresentações? NAO! Anteontem, segunda-feira, uma outra gloriosa apresentação. Acho que estou ficando uma expert nisso. Meu Deus! Paulo Freire no meu curso Multicultural Education, com a Dra. Vilma Seeberg. Outra adrenalina! Sabem o que é discutir racismo, preconceito, estereótipo com americanos, especialmente com negros americanos. Mas fui lá, com minha humilde apresentação, um pouco tensa. Contei a história desse educador, falei sobre a Pedagogia do Oprimido e sobre a questão do que é realmente aprender na visão de Paulo Freire. Em determinado momento citei o marxismo e o socialismo. Falei da aplicação de suas teorias em nosso contexto escolar, sobre aeducacao bancária. Comentei sobre a educação de jovens e adultos, da tentativa de se erradicar o analfabetismo de nosso país com alguns tipos de programa. Minha sala tem aproximadamente 16 alunos. Quatro ou cinco deles ja haviam lido a Pedagogia do Oprimido. Os que não conheciam, tiveram interesse em conhecer. E, o mais intrigante de tudo, fui chamada de perigosa, DANGEROUS. Por que? Aqui nos Estados Unidos eu tenho a sensação de que eles, os afro-descendentes, necessitam de alguém para causar uma espécie de revolução. Acho que eles ainda não se sentem representados, nem mesmo com a figura do Presidente Obama. Parece-me que eles precisam de um novo Martin Luther King ou de uma nova ativista como Rosa Parks. Nao sei. Mas isso e só uma hipótese. Foi uma apresentaçao de dez minutos (cronometrados!) e aí eles fizeram perguntas. Pasmem: os professores conhecem, de fato, as teoria freirianas, você conhece, como educadora, e aplica? O que mudou, desde então, no Brasil? Eu disse que sim, que conhecia e que para entender nosso sistema educacional seria necessário conhecer a história do Brasil. Não sei o que e ser freiriana, mas o fato de saber que “‘conscientização’ é definida como o processo pelo qual as pessoas adquirem uma profunda percepção de sua realidade socio-cultural que molda suas vidas e a capacidade de transformar a realidade que envolve praxis, entendida como um relacionamento dialético da ação e da reflexão, ou seja, ação reflexiva e crítica baseada na prática”,então sou freiriana. Encerrei meu discurso, dizendo que eu preparo meus alunos para que eles tenham visão crítica sim. Este é o meu papel, independentemente da minha disciplina. Em seguida me vem um venezuelano, Ebed Sulbaran, com o seu Luis Beltran Prieto Figueiroa, cujos princípios, baseiam-se em uma educação democrática, humanista, socialista e multicultural e ainda fazendo um paralelo com o pensamento de Paulo Feire. Fomos chamados de “dangerous”! Alguém comentou: Hey guys, I’m afraid of you! estou com medo de vocês! Interessante. Encerradas as apresentações, alguns colegas vieram até mim para me parabenizar. Foi muito bom, um desafio. Descobri que Paulo Freire tem um valor enorme aqui. Cada vez mais sinto orgulho de ser brasileira, mas uma brasileira diferente. Que sabe que esta tudo errado aí, no nosso Brasil de contrastes mil, mas insiste em fazer a diferença. Não é fácil, mas eu só tenho agradecer por essa rica e preciosa oportunidade. God knows! Thank you, thank you!"
“Leaders who do not act dialogically, but insist on imposing their decisions, do not organize the people--they manipulate them. They do not liberate, nor are they liberated: they oppress.”
― Paulo Freire, Pedagogy of the Oppressed
― Paulo Freire, Pedagogy of the Oppressed